POLÍCIA VÊ PROTEÇÃO A ACUSADO DE PEDOFILIA
Na Folha de São Paulo, edição de sábado (4), matéria assinada pelo correspondente João Carlos Magalhães
Investigações da Polícia Civil do Pará indicam que autoridades do Estado atuaram para proteger, de forma ilegal, um empresário indiciado sob acusação de pedofilia.
Antonio Carlos Vilaça, 56, é dono de um conglomerado de empresas de construção civil, mineração e transporte.
Vilaça nega todas as acusações, segundo seu advogado.
Inquérito sob segredo de Justiça, ao qual a Folha teve acesso, diz que o empresário mobilizou um deputado, um juiz e um delegado, além de advogados de políticos e uma jornalista, para tentar manipular a investigação.
Esse grupo, segundo a polícia, coagiu testemunhas, vazou informações sigilosas, pressionou uma juíza e traficou influência para tentar barrar a repercussão do caso.
O inquérito, baseado em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e feitas de novembro de 2009 a julho deste ano, apurou a suposta relação entre Vilaça e cinco meninas e adolescentes dos municípios de Barcarena e Abaetetuba.
Mas as gravações mostraram, segundo a polícia, autoridades do Pará tentando livrar o empresário de uma suspeita anterior: ter abusado de três meninas de Belém.
OS GRAMPOS
Com base nas conversas, a polícia concluiu que o delegado Edivaldo Lima foi subornado para retardar a investigação. Após o inquérito passar para uma delegada, Vilaça chegou a ser preso, em abril - hoje, está solto. Lima nega as acusações e afirma que nunca investigou Vilaça.
Segundo a interpretação dos grampos feita pela polícia, um dos principais articuladores da proteção a Vilaça foi Wladimir Costa (PMDB), o Wlad, deputado federal que se reelegeu neste ano.
As gravações mostram o deputado conversando com interlocutores sobre a necessidade de convencer a mãe de uma das vítimas a desmentir sua própria versão.
Os grampos também apontam que Wlad ajudou a "vazar" para Vilaça a informação sobre ordem de prisão contra o empresário, em abril. Com isso, Vilaça ficou foragido por uma semana.
O deputado, segundo a polícia, foi ajudado por Inocêncio Mártires Coelho e João Neri, advogados da coligação eleitoral da governadora Ana Júlia Carepa (PT).
Outro suposto elo do grupo no Judiciário é o juiz criminal Carlos Alberto Flexa.
Usando o celular do próprio empresário, Flexa ligou, dias antes da ordem de prisão, para a juíza que cuida do caso. Segundo a polícia, sua intenção era influenciá-la a não mandar prender Vilaça.
Uma repórter do jornal "O Liberal", de Belém, foi indiciada -como todos os outros, exceto Wlad e Flexa, que têm foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) e no Tribunal de Justiça, respectivamente, nos quais são investigados.
Os grampos apontam que Micheline Oliveira participou de tentativa de extorquir R$ 100 mil de Vilaça pela não publicação do caso e depois lhe passou informações.
Outro lado
Todos os indiciados e citados no inquérito negam ter protegido ilegalmente Antonio Carlos Vilaça. O empresário nega ter cometido crimes sexuais contra menores.
Segundo o advogado de Vilaça no caso, Osvaldo Serrão, ele "nega as acusações, não aceitando a autoria ou participação". "O Tribunal de Justiça reconheceu a ilegalidade de sua prisão", diz o advogado. Ele não comentou a suspeita de proteção ilegal.
Em nota, o deputado federal Wladimir Costa (PMDB), o Wlad, chamou a investigação de "armadilha" e se disse "vitima de perseguição da alta cúpula da Policia Civil do Estado do Pará", a qual nutriria "um ódio fervoroso" dele.
Segundo a nota, Wlad provocou esse ódio ao denunciar "diversos casos de desvio de conduta" de policiais.
Sobre Vilaça, ele confirma conhecê-lo, mas disse que, se o empresário for considerado culpado, quer "que este [Vilaça] apodreça na cadeia".
O juiz Carlos Alberto Flexa, 67, também disse conhecer o empresário e Wlad.
Confrontado com o teor dos grampos, Flexa confirmou que ligou para a juíza do caso, mas a partir do próprio telefone. "Eu liguei para a juíza para saber o que é que estava acontecendo. Mas não influenciei nada, não pedi para fazer isso ou aquilo."
Ele disse que sua atitude foi regular, apesar de o processo contra Vilaça correr em segredo. A Folha não conseguiu falar com a juíza.
O delegado Edivaldo Lima disse que nunca investigou Vilaça e que, portanto, não tem nada a explicar. "Não tenho versão, não conheço, não posso falar", afirmou.
A Divisão de Atendimento ao Adolescente da Polícia Civil do Pará reafirmou, no entanto, que foi Lima quem iniciou a investigação.
O advogado Inocêncio Mártires Coelho negou ter ajudado a vazar informações sigilosas do Judiciário e chamou a insinuação de "equivocada". Se houve vazamento, disse, foi feito por adversários políticos de Vilaça.
João Neri afirmou que não falaria porque o inquérito está sob segredo de Justiça.
Micheline Oliveira disse que a suspeita é "leviana e irresponsável" e negou a suposta extorsão. (JCM)
Atualizado às 12h22
Ao acessar ontem o site da Folha de São Paulo não percebi que havia um terceiro texto sobre o tema. Alertada na caixinha de comentários, publico agora
Nos grampos, suspeitos citam mídia do Pará
Os grampos mostram suspeitos de favorecer Antonio Carlos Vilaça dizendo que a rede de proteção ao empresário incluía órgãos de mídia do Estado.
Uma das gravações revela conversa entre dois supostos "cúmplices" da repórter Micheline Oliveira, de "O Liberal". No diálogo é dito que os R$ 100 mil que ela supostamente tentou extorquir de Vilaça são a "mordida" exigida por Ronaldo Maiorana, um dos donos do jornal.
Maiorana disse à Folha que nunca praticaria extorsão e que publicou dezenas de artigos e reportagens contra a pedofilia.
Outro citado é o grupo RBA, da família do ex-deputado federal Jader Barbalho (PMDB), dono do jornal "Diário do Pará".
"Eu falei com o Jader e a RBA já está calada", disse para Vilaça, em gravação de dezembro de 2009, seu aliado político Fernando Amaral (PMDB). Amaral diz ter pedido a jornalistas do grupo que avaliassem "se [as denúncias] não tinham motivação política".
Jader Filho, presidente do "Diário do Pará", afirma que a "RBA repele qualquer insinuação" de acobertamento de acusados de pedofilia. (JCM)
O Diário do Pará repercute o caso em texto assinado por Frank Sigueira na página 3 da edição de hoje aqui
às 18:51:00 Postado por RS 14 comentários
vejam os comentários postados:
14 ComentáriosFechar esta janela Ir para formulário de comentário
Anônimo disse...
Quem eh a repórter? Primeira letra pelo menos
5 de dezembro de 2010 19:35
Anônimo disse...
Rita, tu demoras a atualizar e dar noticias, mas quando estas coisas c ontecem no blog tu arrebentas. Parabens.
5 de dezembro de 2010 20:26
Anônimo disse...
Alô OAB, AlÔ OAB, Alô Dr. Jarbas Vasconcelos. Alô Direitos humanos. Vamo botar os caras na cadeia, ou cadeia só é pra pobre? Alô comissão do congresso nacional, libera o homem pra responder na justiça.
5 de dezembro de 2010 22:49
Anônimo disse...
Rita, amor, esta faltando a terceira matéria da Folha, de sábado: "Nos grampos, suspeitos citam mídia do Pará".
5 de dezembro de 2010 23:39
Anônimo disse...
O nome da reporter esta na materia MICHELINE OLIVEIRA, jornal O Liberal, não leram?
5 de dezembro de 2010 23:54
Anônimo disse...
Parabéns ao repórter da matéria. E se ele for atrás vai encontrar mais coisas parecidas com estas. Conheço quase todos os citados, e asseguro que são capazes de fazer o que lhes acusam. Na CPI da pedofilia coisas parecidas aconteceram: gente do governo estadual tentando livra um músico conhecido (e parece que conseguiu), deputados(as) tentando livrar seus conhecidos em cidades como Bragança, Abaetetuba, Barcarena, por exemplo. Meu caro jornalista vai em frente que tem muita coisa podre poraí ...
6 de dezembro de 2010 00:30
Anônimo disse...
Esqueceram de citar um repórter. Ele não fez pacto com a máfia da pedofilia, mas tomou conhecimento antecipado dos crimes e não publicou uma só notícia, embora trabalhe para dois jornais. Já tentaram fazer uma ligação entre um advogado que teria trabalhado para a coligação da governadora, mas esqueceram de dizer para quem o Inocêncio Mártires trabalhou durante muitos anos.
6 de dezembro de 2010 09:26
Anônimo disse...
Temos que parar de temer os pedófilos e seus poderes e amigos influentes e enfrentar essa monstruosidade de frente. Temos que pensar nas crianças abusadas que sofrem danos irreparáveis por uma vida toda....
Verena.
6 de dezembro de 2010 10:48
Anônimo disse...
Rita, falta vc citar o Diário do Pará que tb foi acusado de ter acobertado o Vilaça....;)
6 de dezembro de 2010 10:57
Anônimo disse...
Rita , desculpe não ser o tema da postagem mas o Diário Oficial de hoje publicou o decreto n° 2.637 que tira do TCE a função de fiscalizar convênios do estado do Pará. Um absurdo. Prá que vai servir o TCE agora ??? Será tudo fiscalizado pelas próprias secretarias que repassarem os recursos.
6 de dezembro de 2010 11:49
. disse...
O trecho "O deputado, segundo a polícia, foi ajudado por Inocêncio Mártires Coelho e João Neri, advogados da coligação eleitoral da governadora Ana Júlia Carepa (PT)" me parece, no mínimo, descabido!
Se é para tentar relacionar os clientes de Mártires Coelho e João Neri no caso do pedófilo, vamos citar todos, não?
Ou, agora, quando eu precisar de um advogado vou ter que saber quem são os outros clientes dele pra não correr o risco de ter meu nome associado a outros processos?
Peralaaaaá!
6 de dezembro de 2010 12:22
Anônimo disse...
Rita,
Vc diz que o Diário "repercute o fato " .
O que se lê é , data venia , apenas uma reprodução do postado pela Folha paulistana. Nada, absolutamente nada de novo é produzido e/ou acrescentado.
É o nosso jornalismo em ação !
Lembrei-me dos "enormes investimentos "da TV Record no jornalismo local prá estrear o tal novo Balanço Geral , onde uma cópia mal vestida do Silvio Santos balança a cada minuto e convoca sua "grande "novidade , um pateta castanhalense que autodenomina-se repórter da piada , para mostrar - segundo o pastiche do Silvio - o "outro " lado da notícia , putz!
Tamô f....mesmo, querida Rita neste descalabro de cidade parida por essa farsa chamada Dulciomar...
6 de dezembro de 2010 12:57
Anônimo disse...
Uma pena que tudo isso foi apurado depois que o deputado Arnaldo Jordy já havia encerrado o seu relatório na CPI da pedofilia. Caso contrário, o Wlad e seus comparsas estariam encalacrados.
6 de dezembro de 2010 15:58
Anônimo disse...
Quem já ouviu (e leu) a reprodução dos telefonemas do Wlad com o Vilaça fica estarrecido.
E mais estarrecido fica-se quando se ouve a conversa de Vilaça com a mãe de uma menina de 11 anos, ela (a mãe) conivente com os atos de pedofilia praticados com a filha.
É uma coisa não apenas porca, imoral, pornográfica, é desumana, atenta contra a natureza.
Estou pagando pra ver esse pessoal dos Direitos Humanos fazer o mesmo que fizeram com os policiais de Abaetetuba; e também quero ver o deputado eleito, caçador de pedófilo, voltar a atuar contra agora um companheiro federal.
6 de dezembro de 2010 17:50
tudo isso foi postado no Blog da Repórter - http://blogdareporter.blogspot.com/
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